O Brasil representa mais de 15% do volume total tanto da Ab Inbev quanto da Heineken, mercado de grande relevância para as maiores fabricantes de cerveja
Ambev: a Ambev deve ter crescimento nos volumes vendidos acima da média do mercado, acredita o banco (Ambev/Divulgação)
Outro exemplo é a Plataforma de Moderação, lançada pela Ambev para ajudar ajudar 2,5 milhões de brasileiros a reduzirem o consumo excessivo de álcool até 2022. De acordo com um estudo encomendado pela fabricante, o consumo excessivo de álcool em um curto período, prática que pode trazer efeitos de embriaguez, caiu durante o isolamento social no Brasil. “Não temos interesse no lucro proveniente do consumo indevido dos nossos produtos”,
O consumo de cerveja está aumentando o Brasil, com mais ocasiões para degustar uma gelada. O terceiro trimestre deve ser o mais forte da história recente para o Brasil, com aumento na produção de 20% em agosto, seguidos de meses fortes, com alta de 23% em julho e de 15% em junho, diz o banco Credit Suisse em relatório.
A cerveja é, de longe, a bebida alcoólica mais consumida no Brasil, representando 90% das vendas em litros. “(Esse aumento na produção) suporta nossa visão de que a indústria da cerveja vai ser surpreendentemente positiva em mercados emergentes”, diz o Credit Suisse em relatório.
Apenas o Brasil representa mais de 15% do volume total tanto da Ab Inbev quanto da Heineken, um mercado de grande relevância para as duas maiores fabricantes de cerveja no mundo. Mesmo assim, o mercado tem riscos e há dúvidas se esse crescimento pode se manter nos próximos meses. Aumento do preço das bebidas e redução na renda disponível estão entre as preocupações.
Em setembro, a Heineken anunciou um aumento de preço de suas bebidas no Brasil por conta da desvalorização do real perante o dólar, o que encarece os custos de produção da bebida. A Ambev também aumentou o preço de suas bebidas pouco depois.
Embora o aumento nos preços podem prejudicar, em parte, as vendas, o banco acredita que investidores podem se tranquilizar, já que a intensa competição entre Ambev e Heineken estava levando a práticas irracionais. “Acreditamos que os recentes aumentos de preços no Brasil também ajudam a diminuir as preocupações mais amplas dos investidores sobre as fabricantes de cerveja, incluindo a capacidade de precificar para compensar os ventos contrários da margem transacional, após significativa depreciação do câmbio em mercados emergentes, e práticas irracionais após o aumento da intensidade competitiva entre a Ambev e a Heineken”, diz o relatório.
Além disso, as vendas de cerveja estavam sendo estimuladas pela ajuda governamental para as classes mais baixas, com o pagamento do auxílio emergencial. Esse auxílio também foi reduzido pela metade em setembro.
Beber menos, mais vezes
O banco acredita que o consumo de cerveja no Brasil deve continuar aumentando. Não porque o consumidor bebe mais a cada sentada, mas porque há mais ocasiões de consumo. Seguindo essa tendência, a produtora de bebidas artesanais paulista Dádiva lançou recentemente uma cerveja com 70% de aveia na composição. A ideia é que a bebida seja desfrutada no café da manhã, aposta no mínimo inusitada.
Outro exemplo é a Plataforma de Moderação, lançada pela Ambev para ajudar ajudar 2,5 milhões de brasileiros a reduzirem o consumo excessivo de álcool até 2022. De acordo com um estudo encomendado pela fabricante, o consumo excessivo de álcool em um curto período, prática que pode trazer efeitos de embriaguez, caiu durante o isolamento social no Brasil. “Não temos interesse no lucro proveniente do consumo indevido dos nossos produtos”, disse Anna Paula Alves, responsável pela área de consumo inteligente da Ambev, na ocasião de lançamento da plataforma.
Quem ganha na concorrência pelo consumidor?
Para o Credit Suisse, uma das fabricantes de cerveja se destaca entre as demais. A Ambev deve ter crescimento nos volumes vendidos acima da média do mercado, acredita o banco, principalmente porque possui uma distribuição mais forte entre pequenos mercados e lojas de conveniência.
Esses pontos de venda se tornaram mais relevantes no período da pandemia, já que os consumidores preferem comprar de empresas locais e menores para reduzir o deslocamento. Além disso, a Ambev reajustou o preço pouco depois da concorrência, o que pode ser uma vantagem.
Quem perde nesse mercado é o Grupo Petrópolis, acredita o CS, bem como o portfólio da marca Kirin, do grupo Heineken. “De maneira pouco comum, a Heineken liderou as mudanças no preço da indústria este ano, também provavelmente liderando uma performance de volume inferior em relação à Ambev, embora a competição a seguiu em um curto espaço de tempo”, diz o relatório.
Por Karin Salomão
Comentarios